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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Governo do Rio pretende privatizar o Maracanã

Otávio Rodrigues

No início de 2012 o governo do Rio de Janeiro confirmou em seu Diário Oficial que um edital de Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada (MIP) seria lançado para começar o processo de concessão do Maracanã, que receberá a final da Copa do Mundo de 2014 e será palco dos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Com a intenção de fazer uma parceria público-privada até o fim do ano, o governo comunicou que pretende lançar o edital de licitação ainda neste mês de outubro.

A empresa IMX, do empresário Eike Batista, foi a única que apresentou os estudos de viabilidade econômica. Os dados levantados pela IMX já foram analisados pela Secretaria da Casa Civil, aprovados pelo Comitê de Parcerias Público-Privadas e serão usados como o estudo de modelo na abertura do edital. Além da empresa de Eike Batista, os clubes cariocas Flamengo e Fluminense também estão interessados e pretendem fazer uma parceria para administrar o novo Maracanã.

O Estádio Mário Filho passa por sua terceira grande reforma em menos de 15 anos. De acordo com o site apublica.org, somando as últimas grandes obras que o antigo maior estádio do mundo passou, foram investidos R$ 106 milhões para receber o Mundial de Clubes de 2000 e R$ 304 milhões para atender as exigências do Pan-Americano de 2007, que já deveria adaptar o estádio a possíveis exigências da FIFA para a Copa de 2014. Além da atual reforma para deixar o Maracanã pronto para receber a maior competição de futebol no mundo, de acordo com o último balanço do Governo Federal, R$ 808 milhões foram gastos até o momento. Portanto, cerca de R$ 1,442 bilhão já foram investidos. Para completar, algumas exigências feitas pelo Comitê Olímpico Internacional ainda não serão atendidas para o novo Maracanã receber os Jogos em 2016. Dessa forma, existe o risco do estádio ser fechado novamente para passar por novas reformas.

Diante das seguidas reformas do Maracanã com a utilização do dinheiro público, o Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas tem questionado a intenção do governo de entregar o Estádio nas mãos de um único dono. O líder do comitê, Gustavo Mehl, abriu um debate no dia 25 de setembro na UERJ para propor um modelo de gestão alternativo sob gestão pública. Para ele, o Maracanã que era conhecido, já foi destruído. Segundo Mehl, a maior luta no momento é impedir a privatização de um dos templos sagrados do futebol brasileiro. Já o pesquisador da IPPUR/UFRJ, Erick Omeda acredita que o caráter popular que concebeu o Maracanã desde sua construção não poderia ser desfeito depois de tanta adoração e investimento dos torcedores. Dias antes do debate, junto com a Frente Nacional dos Torcedores, o Comitê Popular reuniu 50 pessoas que fizeram um protesto em frente à casa do governador Sérgio Cabral.

Em contrapartida a opinião do pesquisador Erick Omeda e o líder do Comitê Popular Gustavo Mehl, o economista Rodrigo Constantino acredita que todo o dinheiro público investido não tem como trazer um retorno. Segundo ele, a medida de entregar o Maracanã a uma empresa privada está em sintonia com a do governo, já que dessa forma, maiores gastos seriam gastos e não comprometeriam ainda mais os cofres públicos.