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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Governo garante lugares para deficientes nas olimpíadas 2016




Debora Margem

foto de site do Consórcio Maracanã 2014

Durante os jogos olímpicos e paralímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, 1% dos lugares nos estádios serão destinados para as pessoas com deficiência. É o que diz o decreto 7.823, publicado no Diário Oficial do dia 10 de outubro. Os lugares deverão ter uma acomodação de pelo menos um acompanhante. No decreto, a presidenta Dilma Rousseff ainda sinaliza que os espaços e assentos deverão ficar em locais com boa visibilidade. Em caso de descumprimento da lei, o infrator não poderá usar recursos públicos nos projetos de construção ou reforma dos estádios. 

O objetivo é garantir aos 45,6 milhões de portadores de deficiência, acesso aos jogos olímpicos, o que corresponde a 23,9% da população. O Estádio João Havelange, que irá receber as competições de atletismo olímpico e paraolímpico, reservará 600 vagas para pessoas com deficiência. 

O número de assentos destinados as deficientes já causou problema para o Maracanã. Em agosto, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) entraram com uma ação civil pública exigindo o cumprimento da lei federal de 2004, que determina a reserva para deficientes de 4% do número total de assentos do estádio, 3.174 cadeiras para deficientes físicos, visuais e pessoas com mobilidade reduzida. A Empresa de Obras Públicas do Rio (Empo) e o Consórcio Maracanã Rio 2014, responsáveis pelas obras de adequação do estádio, tiveram 15 dias para efetuar a mudança. 

O Maracanã, que sediará as cerimônias de abertura e encerramento dos jogos olímpicos, já deveria oferecer 1% do total de assentos no estádio, segundo decreto publicado em agosto passado, para a Copa das Confederações e do Mundo. O projeto inicial dispõe apenas de 0,35%, ou 285 assentos dos 79.313 lugares da nova configuração do estádio. Ou seja, o projeto infringia a Lei Federal de Acesso, a Lei Geral da Copa e agora a o Decreto olímpico. A ação pediu a paralização das obras do Maracanã e o pagamento de multa para a Empo e o Consórcio Maracanã Rio 2014. Solucionado os problemas as reforma do estádio avança e hoje tem 70% de obras prontas. Os projetos de construção ou reforma de espaços para a realização das competições devem seguir outros parâmetros estabelecidos, como a construção de rampas e uso de elevadores específicos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dois esportes voltam às Olimpíadas

Camila Chahon

Diferente das edições anteriores, os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro terão 28 esportes, totalizando 38 modalidades, enquanto Londres teve 26 esportes e apenas 29 modalidades. Duas vagas estavam em aberto e sendo disputas por: rugby, squash, caratê, patinação sobre rodas, golfe, softbol e beisebol, todos ex-participantes dos jogos. Rugby e o golfe venceram a votação e foram os últimos esportes a completarem o quadro de esportes. 

Por não ter uma tradição nesses esportes, o Rio de Janeiro também não tem o lugar adequado para realizar as competições. O rugby, assim como o futebol, é praticado em campos de grama e meias, chuteiras e bola completam as necessidades para a prática. Pela grande semelhança do rugby com o futebol, o Comitê Olímpico Internacional (COI) selecionou o Estádio Olímpico João Havelange e o São Januário – sede do clube Vasco da Gama - como possíveis casas do esporte, mas a preferência pela sede vascaína é grande. Caso seja escolhido, o estádio passará por reformas.

A confirmação do rugby como esporte Olímpico veio quando Londres estava se preparando para sediar os jogos que foram realizados este ano. Como o rugby é um esporte tipicamente londrino, os ingleses então sugeriram a entrada do esporte nos jogos como uma demonstração. Para isso, o governo construiu um estádio olímpico – a ser dividido entre o atletismo, o rugby e o futebol - com capacidade para 80 mil pessoas.

Há 112 anos longe das Olimpíadas, o golfe retorna em grande estilo. Um projeto foi selecionado através do Concurso Nacional de Projetos de Arquitetura, do IAB-RJ, e será construído às margens da Lagoa do Marapendi, na Barra da Tijuca. Com aproximadamente 950 mil metros quadrados, o terreno tem , áreas em degradação que será integrada à Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Municipal Ecológico do Marapendi e terá toda sua vegetação restaurada. 
Fonte: Rio 2016

Pedro Évora, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto, tem motivos de sobra para comemorar. Seu avô foi um dos atletas que ganharam a primeira medalha olímpica do Brasil (bronze) em esportes coletivos, com o basquete, na primeira edição dos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948.

Outros esportes, assim como o rugby e o golfe, também foram excluídos das Olimpíadas. O Croquet deixou de ser parte do programa olímpico devido à falta de interesse do público. Já o Polo Equestre foi pelos altos custos de transportes e cuidados necessários - cada jogador utiliza, em média, sete cavalos por jogo e cada partida tem sete tempos, o que dá uma exigência de XX cavalos por jogador.

O Museu do Amanhã e a reciclagem


Alice Fonseca

Como uma das âncoras do projeto de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã será erguido no Píer Mauá, em meio a uma grande área verde. Projetado para ser uma construção sustentável, o museu quer ser totalmente autossuficiente e vai usar materiais recicláveis na construção.
Guiado pelos elementos da Floresta Atlântica, o Museu do Amanhã se integra à Praça Mauá e ao MAR - Museu deArte do Rio. Projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, com 15 mil m2, a obra pretende ser um modelo de arquitetura verde com a utilização de recursos naturais como placas de captação de energia solar e recursos hídricos da Baía de Guanabara. A água da baía terá duas funções: servirá para o sistema de refrigeração do museu e para formar o espelho d'água na extremidade do píer, junto à Praça Mauá. Essa mesma água passará por múltiplos filtros até ser retornada limpa ao mar.
Apesar de ser um projeto sustentável, a reciclagem de lixo o Rio ainda deixa muito a desejar. A cidade recicla apenas 3% das 8,4 mil toneladas de lixo geradas por dia. A Comlurb tem participação mínima nesse percentual, separando apenas 0,27% desse total. Os outros 2,73% ficam sob responsabilidade de cooperativas ou catadores autônomos. De 160 bairros da cidade, apenas 41 são atendidos semanalmente. A melhora da situação depende de um projeto aprovado em 2011 entre o município do Rio e o BNDES,que visa à construção de seis galpões de triagem de materiais recicláveis.  A prefeitura também  pretende aumentar o número de caminhões em circulação para expandir a área de bairros atendidos. O aumento da coleta seletiva elevará o percentual em 2%, ou 22,68 toneladas, número baixo para uma cidade com o porte do Rio. Para se ter uma ideia, Londres, a última sede olímpica, recicla XX% de seu lixo
Para a presidente da Comlurb, Angela Fonti, a prefeitura precisa resolver as causas que levam aos baixosíndices de reciclagem. Ela reconhece que a companhia nunca fez uma campanha de incentivo à coleta seletiva de lixo, mas com os recursos dados pelo BNDES isso poderá ser modificado. "Nosso cronogramainclui pegar o lixo orgânico e reciclável dentro das casas e dos prédios. Osgalpões vão melhorar as condições de trabalho e dar um fim aos atravessadores,que diminuem o ganho dos catadores", diz.
O prefeito Eduardo Paes, um dos idealizadores do Museu do Amanhã, concorda que o Rio tem que mudar em relação à reciclagem e diz que o prédio se transformará em um "ícone" da cidade, algo similar ao Pão de açúcar, o estádio do Maracanã e o Cristo Redentor.
Além do conceito em sua construção, o museu pretende apresentar uma "visão humanista" do futuro mais imediato por meio de atividades audiovisuais e interativas, que vão expor situações que serão enfrentadas pela humanidade devido ao aumento da população, à mudança climática e às inovações tecnológicas. O projeto exigirá investimentos de R$215 milhões e será custeado com investimentos privados, segundo a prefeitura.

Barra será ponto central das competições em 2016

Nina Lua

As instalações esportivas para os jogos olímpicos de 2016 vão se concentrar em quatro grandes áreas do Rio: Barra da Tijuca, Maracanã, Copacabana e Deodoro. De acordo com o presidente da Autoridade Pública Olímpica, Márcio Fortes, as áreas foram escolhidas por já abrigarem as instalações dos jogos Pan-Americanos de 2007 e dos Jogos Mundiais Militares de 2011. O que já foi construído representará, no total, 47% das instalações necessárias para as Olimpíadas. Outros dezesseis estabelecimentos vão ser construídos do zero: nove ficarão de legado para a cidade e sete serão temporários, desmontados depois dos jogos.

A Barra concentrará a maior parte das instalações que abrigarão as competições. O Parque Olímpico do Rio, onde serão disputadas vinte modalidades esportivas, ficará lá, além da Arena Olímpica, do Centro Aquático Maria Lenk e do Riocentro, que será adaptado para abrigar esportes como tênis de mesa, levantamento de peso e boxe. Além das áreas onde serão realizadas as competições, a zona portuária, revitalizada pelo projeto Porto Maravilha, abrigará um centro de controle, uma central de distribuição de uniformes e a Vila de Treinadores.

Tanto o Parque Olímpico da Barra quanto o Porto Maravilha, dois dos principais eixos para a realização dos jogos olímpicos, foram projetos tocados a partir de parcerias público-privadas, as chamadas PPPs. Até as Olimpíadas, esse recurso deve ser usado mais vezes. Fortes afirma que o aeroporto do Galeão foi incluído na próxima rodada de concessões.

Para a professora do Departamento de Urbanismo da UFF Fernanda Sánchez, essas concessões são o reflexo de uma política urbana voltada para os megaeventos, e não para os moradores da cidade. Fernanda defende que a escolha da Barra da Tijuca como principal centro das atividades esportivas é parte de um modelo de pensamento que enaltece a “modernidade espetacular” do bairro, mas que não necessariamente pensa no que será deixado para a maior parte da população. Até mesmo o Porto Maravilha, em que o planejamento, a execução das obras e a gestão da área ficarão a cargo das construtoras, significaria a transferência do controle de bairros inteiros para as mãos da iniciativa privada. De acordo com Fernanda, o modelo de urbanismo que está sendo posto em prática na cidade contribui para acentuar as desigualdades, por comprometer as receitas públicas em projetos voltados para fora.

Por um Maracanã mais democrático


Alice Fonseca

Foto: Divulgação / Consórcio Maracanã
O Estádio Jornalista Mário Filho, mais conhecido como Maracanã, o popular Maraca, está fechado desde agosto de 2010 para transformação. Inaugurado em 1950, o estádio passa por reformas para se adaptar às regas da Fifa e receber jogos da Copa das Confederações em 2013, da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O projeto do novo estádio prevê a mudança do local para uma arena multiuso, com áreas de lazer para família, lojas e praça de alimentação e  infraestrutura para receber espetáculos.
Com a previsão de entrega para 28 de fevereiro de 2013, a reforma do Maracanã atingiu 70% deconclusão, em balanço divulgado pela Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio (Emop).  O estádio que deverá ser reaberto em 28 de fevereiro de 2013 sob controle de uma entidade privada, já  consumiu R$869,1 milhões em obras, R$ 9,1 milhões a mais do que o previsto.
Em outubro deste ano, o governo do estado do Rio deverá lançar o edital para a privatização da administração do Maracanã. Dentre os interessados em assumir a administração do estádio se encontra o Flamengo, o Fluminense e o empresário Eike Batista. Segundo o governo, assim que o edital de licitação do Maracanã for publicado, haverá uma audiência pública que convocará todos os interessados para esclarecimento de  dúvidas sobre a privatização.
Manifestos contra a privatização do Maracanã indicam que a medida tem causado indignação. O Comitê Popular daCopa e da Olimpíada, conjunto de organizações e lideranças populares que discute estratégias para enfrentar o modelo de política urbana realizada no Rio, está criticando a privatização, alegando que a medida servirá apenas para o interesse de poucos.
No último dia 25 de setembro, reunidos no auditório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uerj), ao lado do estádio, quatro profissionais e discutiram as alternativas para um Maracanã mais democrático, próximo do que em era em 1950.  Com a presença de Christopher Gaffney, da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (EAU/UFF), Gustavo Mehl, membro do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio, Erick Omena, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ), e Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN, o debate “O Maraca é Nosso?”, organizado pelo próprio comitê em parceria com a Faculdade de Serviço Social da UERJ, pretendia iniciar uma ampla discussão com o objetivo de construir um projeto alternativo para o estádio, de caráter popular e sob gestão pública.
Uma das críticas do comitê popular refere-se à elitização do esporte, com ingressos cada vez mais caros e inacessíveis à população de baixa renda.  Além disso, o grupo reivindica mais participação popular nas deliberações envolvendo investimentos públicos nas obras do Maracanã. Enquanto o edital de concessão não sair, ainda é possível promover debates acerca da utilização dos novos espaços do Maracanã, que ainda não têm futuro definido. 


Centros esportivos se concentram no Sul e no Sudeste

Nina Lua

Lançado em agosto de 2012, mas com possibilidades de alteração até 2016, o Guia de locais de treinamento pré-jogos tem o objetivo de criar a possibilidade de que os atletas olímpicos que vêm competir no Rio se espalhem pelas diferentes regiões do Brasil. Funciona assim: as cidades que têm equipamentos esportivos compatíveis com as exigências do comitê são incluídas no guia, e as delegações de cada país escolhem onde vão treinar, de acordo com suas necessidades. Com isso, pretende-se também aumentar o fluxo turístico para outras áreas do país, além do Rio de Janeiro. No entanto, com mais de 150 municípios de 22 estados brasileiros incluídos no guia, fazer as adaptações necessárias para entrar na lista não é garantia de receber delegações e obter retorno financeiro. Além disso, as instalações selecionadas não são distribuídas de forma igualitária pelo país.

Para quem receber os atletas estrangeiros, os benefícios incluem os ganhos com o aluguel dos equipamentos, hospedagem e atração de turistas, além das instalações esportivas. Os estados das regiões Sul e Sudeste concentram a grande maioria dos centros de treinamento aprovados. Só no interior do estado do Rio, 33 cidades entraram na lista. Por exemplo, Petrópolis, município localizado a aproximadamente uma hora de carro do Rio de Janeiro, é uma das cidades com mais chances de receber delegações estrangeiras e pode acomodar atletas de futebol, hipismo, golfe, ginástica artística, atletismo, natação e handebol em seus 84 hotéis e pousadas cadastrados pela Embratur. Ligada diretamente ao Rio de Janeiro pela rodovia BR-040, Juiz de Fora, em Minas Gerais, pode servir de base de treinamento para atletas de handebol, tênis, vôlei, atletismo e basquete.

Entretanto, o Norte e o Nordeste contam com apenas 15 das 172 instalações incluídas no guia, concentradas em oito cidades das duas regiões. Por exemplo, o Amazonas conta com apenas uma instalação cadastrada, a Fundação Vila Olímpica Danilo Duarte de Mattos Areosa, ainda em construção para a Copa do Mundo de 2014, que poderá receber atletas de futebol e de tênis de mesa. O Sergipe tem somente o Centro Nacional de Ginástica, em Aracaju, onde atletas da ginástica rítmica podem treinar. Com a quantidade reduzida de equipamentos, a grande distância do Rio de Janeiro e os custos de transporte, o número de delegações que podem optar por essas regiões é menor. Com isso, as chances de cumprir o objetivo declarado pelo Comitê Rio 2016 – espalhar os benefícios dos jogos olímpicos por todo o país – são reduzidas.

Cadeiras (quase) cativas

Camila Chahon


Os quase cinco mil proprietários das cadeiras cativas do estádio do Maracanã perderam a exclusividade durante os jogos Olímpicos de 2016. Após meses de discussão, a FIFA deu a resposta que os proprietários das perpétuas buscam desde o fechamento do estádio: os direitos de propriedade não valerão nem para a Copa do Mundo de 2014 nem para as Olimpíadas de 2016.

Um contrato assinado entre o Comitê Organizador Local e a FIFA estipula que o Maracanã tem que ser entregue aos organizadores do evento sem qualquer direito a terceiros durante as competições, ou seja, nada de cadeiras cativas. Nos jogos Pan-Americanos de 2007, as cadeiras cativas foram cedidas para as autoridades do Comitê Olímpico Brasileiro – COB – e do Comitê Internacional – COI – e seus proprietários, realocados. No lugar da sombra, o sol escaldante do Rio de Janeiro.

Como a demanda para o Pan-Americano era menor, os problemas também foram menores. Já no caso das Olimpíadas de 2016, o governo do Rio terá maiores complicações para garantir que os proprietários das cadeiras cativas tenham assento, independente da localização. 

As cadeiras cativas surgiram em 1947, junto do projeto do estádio do Maracanã para a Copa de 1950. Com o objetivo de complementar o orçamento da construção do estádio, mais de 30 mil cadeiras foram postas à venda. Com a aproximação de grandes eventos a serem realizados na cidade do Rio de Janeiro, uma cadeira que antes custava R$ 20 mil reais hoje já passa de R$ 150 mil mesmo que elas não possam ser usadas durante o a Copa do Mundo e as Olimpíadas .







Morro da Conceição de cara nova


Sarah Bazin

Jardim Suspenso do Valongo
Foto: Anderson Carioca
A região do Morro da Conceição, no centro do Rio de Janeiro, é uma das mais antigas da cidade e contém um repertório histórico como poucas. Era ali que, a partir do século XVIII, os escravos desembarcavam no porto, e onde surgiu o samba. Por essas razões a área é chamada de pequena África. Com o passar dos anos, se tornou uma das regiões mais degradadas da cidade, com ponto de drogas, prostituição, roubos e assaltos..

Desde o início da reforma da zona portuária, o morro ganhou grande atenção. O lugar tem vários atrativos turísticos, como a Pedra do Sal e a sua roda de samba; o Jardim Suspenso do Valongo, e os jardins criados pelo paisagista Luis Rei na época da Reforma Pereira Passos; além dos sobrados históricos construídos nos séculos XIX e XX.

Como acontece em grandes reformas para revitalizar áreas históricas, alguns detalhes do que era antigamente são apagados para a chegada do novo. As vielas do Morro da Conceição, por exemplo, que antes eram todas feitas de paralelepípedos, estão recebendo grandes camadas de cimento. De um ponto de vista é muito bom, pois possibilita a passagem de deficientes físicos e protege os pedestres com as calçadas regulares, mas por outro retira a historicidade e a uma das marcas do local.

Outra crítica feita por moradores do morro é que o restauro do Jardim Suspenso do Valongo está sendo feito sem seguir o plano original de Luis Rei, retirando a originalidade do lugar. Também as estátuas que ficavam em pedestais no jardim foram retiradas pela prefeitura por causa de vandalismos, e até hoje não foram devolvidas, embora a prefeitura prometa que serão reinstaladas ao final da reforma.

Apesar de várias reclamações, há também quem elogie o trabalho feito do Morro da Conceição. A escavação que redescobriu o antigo Cais do Valongo, na Avenida Barão de Teffé, se tornou um ponto de arqueologia que pode ser visitado; a Praça Jardim Morro do Valongo foi toda refeita e hoje conta com belos canteiros de flores coloridas; a maioria dos sobrados do morro foram revitalizados e dão um belo contorno às vielas, todas as calçadas e escadas foram refeitas, recuperando o cenário e o espírito de um importante momento da história da cidade.

Atletas paraolímpicos não conseguem patrocínio

Angélica Veiga

Daniel Dias, nadador paraolímpico, com seis medalhas de ouro nas Olimpíadas de Londres
Crédito: Fernando Maia/CPB/Divulgação


O atleta paraolímpico, Vanderson Silva, voltou das competições de Londres sem medalha e patrocinador. A situação de Silva, ouro no 7º Open de Buenos Aires e recordista brasileiro no lançamento de disco, é comum entre os para-atletas. As despesas vão desde reposição de equipamentos até alimentação. 


Os atletas para-olímpicos totalizaram 43 medalhas, na cidade inglesa, e progridem nos rankings internacionais. Mesmo assim, o coordenador técnico de atletismo do CPB, Ciro Winckler, reclama que as instituições veem os medalhistas como “coitadinhos” e não vislumbram o custo/benefício. Embora haja casos de sucesso, eles ainda são minoria. O nadador Daniel Dias, por exemplo, nasceu com má formação dos braços e da perna direita. Subiu ao pódio seis vezes nas Paraolimpíadas de Londres, para onde levou o nome de seus patrocinadores Embratel, Celmar, Otto Bock e da Universidade Mackenzie. 

Na falta de verba privada, os atletas se mantêm através do programa Bolsa Atleta, como judoca Eduardo Paes Amaral. Destinado a garantir o mínimo sustento dos esportistas, o programa do governo federal concede R$2.500 por mês aos paraolímpicos. Para a treinadora da equipe de natação, Virgínia Sara Saad, o dinheiro do projeto ajuda pagar as questões mais difíceis como transporte, os treinadores e alimentação.

A fundadora da empresa Dearo Marketing Social e Captação de Recursos, Fernanda Dearo, explica que o obstáculo em se conseguir patrocínio se dá muita das vezes por falta de preparo técnico, criatividade e paciência. Ela ressalta a importância de saber apresentar uma boa proposta, para as empresas não pensarem no dinheiro aplicado como filantropia, e a necessidade de estabelecer relacionamento para manter sempre o interesse do investidor.

Apartamentos olímpicos serão vendidos em 2013


Angélica Veiga

No mês de junho, os técnicos do Comitê Olímpico Internacional (COI) vieram ao Brasil liberar o início das obras para a Vila Olímpica, que será construída na Barra da Tijuca. O novo projeto, com investimento privado das construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken, tem por objetivo atender as necessidades dos atletas e ser vendido pós-jogos.

Com previsão de custo de R$ 854 milhões, o espaço abrigará os quase 16 mil atletas que participarão das competições. Será construído, nos 62 hectares, mais de 30 prédios, área médica e ambiente de lazer. Cerca de 60% do terreno será usado para estrutura de treinamento. Tudo isso tem prazo de conclusão para 2015.

O Diretor de Relações do COI, Mario Clienti, lembra que um ponto positivo nas Olimpíadas de Londres foi o foco nos atletas. Para ele, a vila olímpica do Rio deverá seguir esse modelo aproveitando o clima descontraído e natural da cidade. Com o objetivo de dar prioridade aos atletas, o Comitê Nacional para assuntos da vila tem os escalou Bernardo Alvarenga, ex-nadador, e o Bruno Souza, do handebol, como membros oficiais. Eles vão cuidar para que as medidas tomadas atendam tanto as preocupações esportivas quanto a dos futuros moradores.

Na busca por cumprir as metas os 952 primeiros apartamentos devem começar a ser vendidos no início de 2013 e, aos poucos, os demais sigam a demanda do mercado. A estimativa total de vendas é de R$2,5 bilhões, segundo a revista Grandes Construções. A Odebrecht anuncia seu projeto como uma construção duradoura que deixará “o legado dos Jogos”.

Outra preocupação do plano piloto é a ligação entre a vila e os locais de competições. A Odebrecht promete interligar a vila aos meios de transportes públicos, como a Transoeste e nova linha do metrô. Calcula-se que os atletas gastem um tempo médio de 10 a 15 minutos para chegar até o campo de treinamento e no máximo 50 minutos para estar nos locais de competições, nos bairros de Deodoro, Maracanã, Barra da Tijuca e Copacabana.

De braços abertos para o Muriqui

Taise Parente


Foto: Divulgação
As olimpíadas do Rio de Janeiro já tem seu primeiro candidato a mascote. É o macaco Muriqui, primata desconhecido e dócil, que está entre as 24 espécies mais ameaçadas do Brasil. Muriqui, palavra que em Tupi significa “Povo Manso da Floresta”, representa, segundo o secretário do Meio Ambiente, Carlos Minc, a mensagem olímpica e será a ponte entre o esporte e a conservação do planeta. A ideia, que surgiu em 2009, visa trazer maior visibilidade a esta e outras espécies ameaçadas da mata atlântica e incentivar programas de preservação da natureza. Atualmente estima-se que existam apenas 300 exemplares do primata no Estado, em contraste com a década de 70 quando o número chegava a 700. O macaco, que só existe no Brasil, é um importante dispersor de sementes e já foi escolhido pela Unesco como símbolo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, e do Parque Estadual do Desengano, no Rio de Janeiro. 

Algumas ações para a preservação do Muriqui já estão em andamento, como é o caso do programa de reflorestamento do Norte fluminense do Instituto Bio Atlântica em parceria com a empresa Brasil Florestas, que pretende recuperar uma área de 400 mil hectares no Estado. O grupo EBX também se comprometeu com a causa e afirma que fará um investimento de R$ 2,3 milhões na implantação do corredor ecológico do Muriqui. O projeto recebeu o apoio de diversos artistas. O muriqui virou tema de musical no circo de Marcos Frota e um vídeo oficial da campanha, que contou com a participação voluntária de atores como Camila Pitanga, Sérgio Marone e o compositor Chico Buarque, foi lançado na internet. Na trilha sonora, a música “Aquele Abraço”, do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.

A candidatura oficial foi apresentada no parque Lage em uma parceria entre o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), a ONG Eco-Atlântica, a Secretaria de Estado do Ambiente e a empresa EBX, de Eike Batista. A candidatura do Muriqui também está ecoando no exterior depois que a ONG Conservation International decidiu apoiar o projeto. A organização, que estuda o macaco desde a década de 1970, ajuda na manutenção de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, um investimento que pode chegar a R$ 600 mil.

Além do Muriqui, outros dois animais ameaçados de extinção também disputam atenção nas Olimpíadas de 2016: a jaguatirica e o mico-leão-dourado. Apesar de não ser tão comentado quanto o macaquinho, o felino, que também sofre com a caça predatória e a devastação de seu habitat natural na região centro-oeste do país, tem apoio de sociedades de conservação. No entanto, os dois primatas recebem mais atenção por serem típicos do Estado do Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas.
A onda de conservação segue o caminho traçado na escolha do tatu-bola como mascote da Copa 2014, animal típico também ameaçado. Seja em copas ou olimpíadas, os mascotes criam um laço afetivo com a competição, além de servirem como fonte de receita dos jogos. Os mascotes começaram a ser usados de forma não oficial em 1968, nas Olimpíadas de Grenoble, quando um esquiador de cabeça vermelha e roupa azul surgiu em broches e bonecos. Desde então, eles assumiram a forma de animais em sua maioria, mas também de seres no mínimo estranhos, como os bonecos de Athena e Pevos, nas olimpíadas de Athenas de 2004, ou Wenlock e Mandeville, em Londres 2012. A escolha do animal que representará o Brasil nas olimpíadas será realizada pelo Comitê Rio 2016, dois anos antes do evento.

Vila Olímpica ameaça área de proteção ambiental

Google Earth


Otavio Rodrigues

Após nove anos de impasse, a área militar de 26 mil m² que margeia a Estrada Rio Jequiá, na Ilha do Governador, foi cedida à Prefeitura do Rio. Em seu lugar, cerca de R$ 19,1 milhões de reais serão investidos para a construção de uma vila olímpica para os moradores do bairro, além de uma escola municipal.

O objetivo da prefeitura é proporcionar uma área de lazer para a população da Ilha do Governador, que ainda poderá oferecer uma enorme variedade de atividades físicas. O projeto prevê a construção de uma pista de atletismo, uma piscina semiolímpica, um campo de futebol em grama sintética, quadras polivalentes, além da escola, que terá dois prédios com 13 salas de aula.

No entanto, parte da população da Ilha do Governador alega que a região onde a Vila Olímpica está sendo construída é uma Área de Preservação Ambiental e Recuperação Urbana, onde se encontra, por exemplo, o Manguezal do Rio Jequiá. Por conta disso, o movimento “Vila Olímpica SIM! Desmatar Não!” foi criado para preservar a vegetação da Ilha. Os moradores, que fizeram um abaixo assinado como forma de protesto, ainda relatam que ao lado da APARU, onde está sendo construída a Vila Olímpica, existe uma área desapropriada, que seria muito mais propícia para a finalidade do projeto.

Apesar das críticas, o vice-prefeito do Rio Janeiro e, na época, Secretário Municipal do Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, garantiu que a área verde da região será preservada e a APARU não será desmatada. Em julho de 2011, as obras d foram paralisadas porque, segundo a Rio Urbe, órgão responsável pelo projeto, era necessário que a Prefeitura recebesse licenças ambientais e uma concessão da Marinha, para a área de Proteção Ambiental receber a vila sem problemas. O término das obras continua com a previsão de ser concluída em maio de 2013.

Rio Cidade Olímpica é prioridade para Eduardo Paes

Bruna Scot

O prefeito Eduardo Paes, reeleito com 65% dos votos, terá que conciliar o dia-a-dia da prefeitura com a reta final das obras que transformam a cidade. O prazo para a alteração de todos os projetos que envolvem as Olimpíadas de 2016 é 31 de outubro. A partir daí, nada poderá ser mudado nos planos das obras. 

Grande parte das promessas de campanha do prefeito foram relacionadas ao desenvolvimento da cidade para cumprir as exigências do Comitê Olímpico Internacional. O investimento na Zona Oeste e no porto da cidade aparecem como destaques na lista de objetivos do governo de Eduardo Paes. 

Um dos pontos mais ressaltados pelo prefeito reeleito é a importância das parcerias com o governo federal e com empresas privadas. Com isso, ele pretende continuar investindo nas obras de grande porte e cumprir os prazos – considerados “apertados” pelo presidente da comissão de coordenação do COI, Nawal El Moutawakel.

A grande preocupação do COI, é com a entrega do Parque Olímpico, no Recreio, e o complexo de Deodoro. O primeiro vai abrigar 15 modalidades olímpicas e o centro de imprensa. Já o segundo será palco de mais sete modalidades, além de outras instalações olímpicas. As obras começaram em junho, mas o resultado do projeto arquitetônico vencedor saiu apenas em agosto – o desenho será do escritório Aecom, o mesmo que construiu o Parque Olímpico de Londres. 

O Parque Olímpico, o Complexo de Deodoro e o Porto Maravilha são as obras prioritárias, segundo o diretor executivo de Jogos Olímpicos do COI, Gilbert Felli. Apesar da importância, alguns projetos têm esbarrado em questões sociais.

Dentro do Parque será construído o novo autódromo, mas para isso haverá a remoção de 500 famílias que vivem no local. Elas serão realojadas em casas entregues pelo projeto “Minha Casa, Minha Vida”. O impasse com os moradores fez com que a licitação das obras fosse travada pela justiça, no início do ano. 

Por outro lado, a remoção do Elevado da Perimetral, uma das promessas do Porto Maravilha, tem dividido opiniões – principalmente durante a campanha eleitoral para prefeito do Rio. Quem mais criticou a retirada do viaduto foi o candidato Otávio Leite (PSDB), que afirmou ser um retrocesso para o trânsito da cidade. 

Em meio a prazos apertados e conflitos judiciais, Eduardo Paes tem uma vantagem: poderá, com a Copa do Mundo de 2014, testar o funcionamento de projetos que já estão em vigor, como os ônibus de transporte rápido (BRT e BRS), a expansão do metrô e os novos trens, e o aumento do número de quartos de hotéis.

Hóteis flutuantes são alternativa de hospedagem


Taise Parente

Foto: Portal Marítimo
O Tribunal de Contas da União suspendeu a licitação para a construção de um novo píer em formato de Y no Rio de Janeiro que teria capacidade para ancorar até seis transatlânticos. O relatório apresentado pelo tribunal denuncia irregularidades no projeto e pede explicações quanto ao processo de escolha do consórcio ganhador da licitação. O documento dá ainda um prazo de quinze dias para que a Companhia Docas do Rio de Janeiro se manifeste. Durante o período, as obras, que deveriam ter começado em maio de 2011, ainda não podem ser iniciadas. 

O novo píer do Rio de Janeiro é um projeto para a Copa do Mundo de 2014, mas que entrou na lista de preparativos para as Olimpíadas de 2016 do Comitê Olímpico Internacional (COI). A intenção é aumentar a capacidade hoteleira da cidade em cerca de 10 mil quartos, usando como hotéis flutuantes seis transatlânticos ancorados na Baía de Guanabara. O projeto é uma das prioridades do COI. A prefeitura prometeu a criação de 12 mil novos quartos para que a cidade se adapte à exigência do COI, que é de 40 mil quartos para atletas e comitivas e outros seis mil para uso habitual da cidade e espectadores. Hoje a cidade tem cerca de 26 mil quartos e com o projeto do píer poderia aumentar a capacidade de hospedagem sem inchar a rede hoteleira. O modelo de hotéis flutuantes já foi usado com sucesso em outras edições dos jogos, como Atenas, em 2004 e Barcelona, em 1992.

A estratégia para aumento de hospedagem também passa por outras soluções, como a criação do portal Hospeda Rio pela Prefeitura da cidade. O site pretende facilitar o aluguel de quartos e apartamentos por temporada e segue uma tendência do mercado: o comércio online. Segundo uma enquete realizada pelo Sindicato da Habitação da cidade, SECOVI-RJ, de 13 de julho a 21 de setembro de 2011, 40% dos entrevistados afirmam procurar os sites das imobiliárias para alugar ou comprar imóveis. Já os classificados dos jornais ficaram com 32%. O movimento é condizente com o aumento de casas com acesso à internet no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, PNAD, do IBGE, em 2009 cerca de 16 mil residências tinham acesso à internet, enquanto em 2011 esse número aumentou para mais de 22 mil.

O governo federal também adotou estratégias para alinhar a hospedagem do país ao resto do mundo. A partir do estudo de modelos internacionais, o Ministério do Turismo adotou uma classificação dos hotéis por número de estrelas. A inspeção é feita pelo Instituto Nacional De Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, Inmetro, e depende da vontade do próprio hotel. Segundo o Instituto, o objetivo é criar um padrão de qualidade que facilite a vida dos visitantes na hora de escolher onde ficar. Até o momento apenas um estabelecimento no Rio de Janeiro foi classificado, mas a ideia é que no futuro todos os hotéis sejam obrigados a entrar no jogo por uma exigência do próprio mercado e dos turistas. O Inmetro afirma ainda que será construído um Hotel Conceito em Xerém, RJ, para que os donos das redes hoteleiras possam visitar e adequar seus estabelecimentos ao novo padrão de qualidade. Com isso, o governo pretende não só se adequar numericamente aos padrões exigidos pelo COI, mas também qualitativamente em relação ao modelo internacional.

Fábrica de concreto reduz impactos no trânsito

Projeto da Vila Olímpica 2016 (Foto: Divulgação/Ilha Pura)

Babi Costa

A cidade do Rio de Janeiro tem mais de 2 milhões de carros circulando pelas ruas. E foi para tentar reduzir os impactos nas vias da Barra da Tijuca que a empresa Ilha Pura, responsável pela obra da Vila Olímpica, que abrigará os atletas nos Jogos de 2016, criou a própria fábrica de concreto. Se a pequena indústria não existisse a previsão é que os caminhões teriam que fazer 64 viagens diárias para levar o material. Até o final da obra seriam um total de quase 38 mil viagens.

Segundo a Coordenadoria de Vias Especiais (CVE) da CET-Rio a Autoestrada Lagoa-Barra, que liga a Zona Sul a Zona Oeste da cidade, teve um aumento em 40% na sua frota de circulação diária, em relação a 2010. A Linha Amarela, via vizinha a obra, passou a receber 200 mil carros a mais por dia, o que representa um aumento de 133%, comparado ao ano de 2010.

A fábrica especial está sendo montada dentro do espaço da obra na Barra da Tijuca, próximo ao Rio Centro, o total da área destinada a Vila dos Atletas é de 1 milhão m². A indústria é capaz de produzir 300 mil metros cúbicos de massa, ou seja, 300 milhões de litros, quantidade suficiente para suprir as necessidades da obra. Segundo o cálculo da empresa responsável pela Vila Olímpica, com o concreto produzido no quintal da obra seria possível erguer cinco Maracanãs.

A estrutura da fábrica foi montada para servir a obra dos 31 prédios de 17 andares cada um. No total serão 3.604 apartamentos de 2, 3 e 4 quartos, sendo o menor de 78 m². O local ainda contará com um parque de 65 mil metros quadrados. Os edifícios irão abrigar os quase 18 mil atletas que participarão dos jogos no Rio, serão vendidos e entregues aos novos moradores em 2017.

Nas Olímpiadas da Londres a sustentabilidade também foi uma marca. A fábrica de concreto dos ingleses foi erguida perto de uma estação de trem e produziu grande parte do material necessário para realizar diversas reformas e construções. Todo o cimento foi transportado até as obras pelos trilhos.


Rio-2016 pode ser a Barcelona-92 ou a Atenas-2004

Fonte: Comitê Olímpico Internacional
Mariah d'Avila

O Rio de Janeiro está a quatro anos de sediar os Jogos Olímpicos. O desafio que a cidade tem pela frente já foi enfrentado por outros lugares pelo mundo. O Rio tem referências a seguir, tanto de aspectos que deram certo, como de casos que servem como modelo do que não deve ser feito. Entre as sedes que podem contribuir para a realização da Olimpíada de 2016, então as cidades de Barcelona, que depois dos jogos se tornou referência em turismo, e Atenas, cujas instalações olímpicas se transformaram em grandes obras sem uso.

As transformações feitas na cidade catalã foram marcos para as sedes dos Jogos Olímpicos após 1992. Barcelona usou a realização do evento esportivo como alavanca para investimentos na infraestrutura da cidade. Assim como pretende a Prefeitura do Rio de Janeiro com o projeto do Porto Maravilha, os catalães também revitalizaram a região portuária, transformando uma área de fábricas e galpões em praia. Além disso, o projeto olímpico priorizou o transporte público e a moradia, com apenas 10% dos recursos destinados às instalações esportivas. O momento histórico que Barcelona vivia quando foi escolhida cidade olímpica também contribuiu para a atmosfera de otimismo que envolveu a realização do evento. Seis anos antes de sediar a Olimpíada, a cidade reconquistava a democracia e a Espanha entrava para a União Europeia. Hoje, Barcelona é um polo cultural e turístico da Europa. Terceiro destino mais procurado pelos estrangeiros, a cidade recebeu, em 2010, cerca de 29 milhões de visitantes por ano.

Fonte: Comitê Olímpico Internacional
Os últimos vinte anos também testemunharam os piores Jogos Olímpicos da história. O caso da cidade grega de Atenas, que foi sede em 2004, é apontado como um exemplo a não ser seguido. A crise grega atual tem como um dos motivos as dívidas deixadas pela realização da Olimpíada. Em 2004, a Grécia já era a segunda economia mais pobre da União Europeia, em termos do PIB per capita. Hoje, o país está prestes a deixar a União Europeia e a romper com o FMI. A má administração dos recursos destinados ao evento, a corrupção e a falta de planejamento provocaram atraso nas obras e gastos extras. Apesar de durante as duas semanas de competição tudo ter ocorrido sem grandes problemas, as instalações esportivas, quase uma década depois, se encontram abandonadas e ainda não se sabe o total dos gastos com a Olimpíada. Na época, Atenas-2004 chegou a ser chamado de os Jogos mais caros da era moderna. 

O caso da cidade grega se assemelha ao que ocorreu com a realização do Pan-americano de 2007 no Rio de Janeiro, cujo custo das obras foi de seis vezes o previsto e que deixou os chamados elefantes brancos, instalações esportivas não aproveitadas após a realização do evento esportivo. Para os cariocas, o velódromo é o exemplo disso. Cinco anos após o Pan, o local não recebe outras competições e precisará ser demolido para dar lugar a outro local de competição. O primeiro velódromo já custou mais de R$ 14 milhões aos cofres públicos, e o segundo ainda tem a previsão de custar R$ 115 milhões.

Falta de investimentos na base gera maus resultados

Bruna Scot


A busca pelo ouro olímpico é o objetivo de todo atleta profissional, mas isso não tem sido fácil para os brasileiros. Somando o resultado das últimas três Olimpíadas, o Brasil conquistou onze medalhas de ouro no total. Resultado insignificante, perto dos 118 ouros americanos ou das 121 medalhas douradas da China. 

Por que tamanha discrepância? A resposta está na falta de investimentos em esporte, desde a base. No Brasil, há uma cultura de só apoiar aquele atleta que já apresenta resultados satisfatórios, no qual pode-se enxergar estabilidade e um futuro campeão. 

O problema é que, ao incentivar apenas o esportista que já está formado, as iniciativas privadas e estatais deixam de abrir espaço para aqueles que poderiam ser bons, mas não tiveram a chance ou tentaram, mas não conseguiram seguir em frente por falta de condições. 

No ciclo olímpico (2009 – 2012) o Brasil investiu R$1,76 bilhões, porém apenas em esportes de alto rendimento como natação, judô e atletismo. A base ainda é muito desvalorizada e os esportes menos tradicionais não recebem grandes quantias – apenas de patrocinadores. 

Nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, a Grã-Bretanha obteve o mesmo número de medalhas do Brasil, 15 no total. Porém, com parte dos lucros da Loteria Nacional destinados ao esporte, a delegação dobrou o número de medalhas já na Olimpíada seguinte. Em Londres, os britânicos investiram mais R$ 95 milhões em esportes de alto rendimento e arremataram 29 ouros.

Os EUA são o grande exemplo de sucesso Olímpico. Isso se deve ao esforço dos governos estaduais em oferecer bolsas de estudos a jovens atletas, tanto na escola, quanto na universidade - o que permite a continuidade do processo de formação de futuros campeões. 

Nas escolas públicas, educação física é matéria obrigatória e fora do horário de aula, os alunos ainda podem praticar as atividades esportivas com uniformes e materiais gratuitos. Nas universidades, cuja mensalidade seria cerca de R$6 mil por mês, os alunos treinam com técnicos profissionais e têm a oportunidade de competir em ligas estudantis, até chegar ao nível olímpico. 

A China também é outro país que deve servir de exemplo para o Brasil. O país aposta na construção de atletas campeões, iniciando os treinamentos a partir dos seis anos. É com essa idade que os chineses passam pela seleção de talentos, onde são divididos de acordo com o interesse pelo esporte, a aptidão e o biotipo. 

Se aceitos, os pequenos chineses vão estudar em uma das 310 escolas esportivas do país. Custeadas pelo governo, esses colégios funcionam como complexos esportivos, que dão aulas de manhã e três horas de treinamento à tarde. 

Cerca de 130 mil jovens frequentam essas escolas, que também oferecem competições entre elas. Quem se destaca, tem a chance de ingressar na seleção da modalidade e seguir a trajetória olímpica.

Moradores querem preservar memória do Porto

Foto: Divulgação Copa 2014

Elena Cruz


A Zona Portuária do Rio de Janeiro vem passando por mudanças estruturais desde que as obras do Porto Maravilha foram iniciadas. Se o projeto for rigorosamente cumprido, as mudanças serão sensíveis. Haverá abertura de ruas e até a derrubada do elevado da Perimetral. O Meu Porto Maravilha, recente espaço cultural criado na Saúde, apresenta como será a revitalização da região. Além disso, mostra a história dos bairros envolvidos no processo: Gamboa, Santo Cristo, Saúde e parte do Centro, São Cristóvão e Cidade Nova. Porém, há um movimento que resiste à iniciativa da prefeitura e acredita que a história e patrimônios da Zona Portuária serão esquecidos.

Apesar de o espaço ser sinônimo de orgulho para a prefeitura do Rio, o Fórum Comunitário do Porto (FCP) considera que o espaço desvaloriza a história da região, que remonta ao Brasil Colônia e passa pela vida dos escravos que viviam nos arredores do lugar. O FCP é um movimento que denuncia violações dos direitos dos moradores dos bairros da Zona Portuária. Conta com a participação dos próprios moradores, de ONGs e universidades, como a UERJ. O Fórum acredita que usar o termo “revitalização” é uma demonstração de que a vida e a memória social atual nos bairros estão sendo ignoradas.

Através da maior tela interativa do Brasil, com 22 metros de comprimento, os visitantes do Meu Porto Maravilha podem conhecer como será o futuro arquitetônico da Zona Portuária. Os equipamentos de alta tecnologia têm o objetivo de mostrar o passado, o presente e o futuro da região. O local foi inaugurado no início de julho e pretende receber mais de 180 mil pessoas por ano. Roberto Anderson Magalhães, arquiteto do Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Público), acredita que iniciativas como o Meu Porto Maravilha pouco adiantam. Assim como o FCP, ele acha que houve pouca participação popular nas discussões do futuro do cais do porto do Rio de Janeiro.

Para ele, a memória do lugar será perdida com a derrubada de armazéns e galpões com belas fachadas e sistemas construtivos diferenciados. Cidades como Barcelona, Buenos Aires e Hamburgo também passaram por esse processo e transformaram a área portuária em locais de escritórios, moradia, cultura e lazer. Mas o arquiteto critica que sejam feitas demolições para dar lugar a edificações de 30, 40 e 50 andares.




Obras do Hotel Glória ferem proteção do patrimônio

Leandro Garrido


A rede hoteleira do Rio de Janeiro procura se adaptar aos eventos que a cidade vai receber nos próximos quatro anos, em especial, às Olimpíadas. O Hotel Glória é um dos símbolos da região e um dos estabelecimentos que passam por modificações para melhor receber os turistas que virão ao Rio em 2016. O espaço está sendo revitalizado pelo Grupo EBX e, segundo a empresa, vai receber novas áreas de lazer, restaurantes de alta gastronomia, lojas de grife e  um skylounge bar.

Inaugurado em 1922, o imóvel foi comprado pela empresa de Eike Batista em 2008 e no ano seguinte, teve suas obras iniciadas. O rebatizado Glória  Palace Hotel tem conclusão prevista para setembro de 2014. De acordo com a REX, empresa de desenvolvimento imobiliário responsável pelo projeto, o novo prédio será compatível com os 10 melhores hotéis do mundo e referência em hotelaria no Brasil.

Mesmo com as mudanças prometidas, o projeto não foi bem recebido. O hotel, antes composto por 610 quartos – o que já valeu destaque no Guinness Book em 1995 -, deve ter sua capacidade reduzida para 231, quase 1/3 da inicial. Atualmente, a cidade conta com 26.316 quartos de hotel, segundo dados da Empresa de Turismo do Município do Rio (Riotur). A promessa da prefeitura é de que até 2013 esse número chegue a 31.722.

A redução da lotação do Hotel Glória pode trazer complicações, já que em pesquisa realizada pelo IBGE em fevereiro, o instituto constatou que o Rio de Janeiro precisa de mais do triplo da quantidade de leitos atuais para não ter problemas nas Olimpíadas. Apesar da preocupação com a rede hoteleira da capital carioca, os hotéis de Londres não ficaram cheios durante a realização dos Jogos Olímpicos de 2012. Os britânicos reconheceram que alguns hoteleiros ''superestimam'' a demanda por ocasião da competição.

Segundo a vereadora do Rio de Janeiro e professora da UERJ Sonia Rabello, a obra do novo Hotel Glória fere um patrimônio cultural da cidade e, por isso, deve passar por fiscalização parlamentar. Ela lembra que o local é histórico para a cidade, tendo recebido inúmeros eventos e celebridades, como o cientista Albert Einstein, nas últimas décadas. 

De acordo com a vereadora, desde 1970, a cidade do Rio de Janeiro tem legislação que protege suas edificações de interesse cultural, que, apesar de não serem tombadas, não podem ser demolidas a não ser com a autorização do órgão de proteção cultural do município (decreto 3800/1970 art.81, §5º e §6º, alterado pelo decreto 20.048/2001). 

Judocas olímpicos e paralímpicos querem se unir


Ligia Lopes

Entre as Olimpíadas e Paralimpíadas de Pequim, em 2008, e os jogos de Londres, este ano, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) dobrou os investimentos da modalidade do esporte no país: de R$ 76 milhões para R$ 165 milhões. Para 2016, quando os jogos vão ocorrer no Rio, o Comitê pretende atrair investimentos principalmente na área da acessibilidade, com a meta de bater o recorde de medalhas dos jogos de Londres e alcançar a quinta posição no quadro de esportes paralímpicos. Também pensando nisso, foi inaugurado pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, o Plano Brasil Medalhas, que deve investir mais R$ 1 bilhão a fim de levar o país aos melhores colocados no ranking de medalhas de 2016 – entre os 10 primeiros nas Olimpíadas e entre os cinco primeiros nas Paralimpíadas.

O judô é a única arte marcial integrante do programa paralímpico e é praticado por pessoas com deficiência visual. Apesar do masculino fazer parte dos jogos desde 1988, as mulheres só começaram a integrar a modalidade em 2004, em Atenas.

Dirigentes da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) tentam aproximar o judô olímpico do paraolímpico aproveitando, inclusive, patrocínios em comum, como o da Infraero, para aumentar a importância do esporte para o Rio 2016, já que as duas modalidades têm a mesma importância para o esporte nacional. O judô conquistou quatro medalhas para o Brasil nas Olimpíadas e mais quatro nas Paralimpíadas de Londres.

Em entrevista à BBC, o presidente do CPB, Andrew Parsons, disse esperar que a parceria entre o Comitê e as três esferas do governo continue. Lembrou, ainda, que os principais patrocinadores das Olimpíadas de 2016 manifestaram interesse em investir também nas Paralimpíadas. No entanto, o dirigente é contra a ideia de que os jogos Olímpicos e Paralímpicos se unam em um único evento, sendo melhor ter os próprios jogos do que ser uma parte menor de outra competição.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Natação: casa nova para não repetir velhos problemas


Leandro Garrido

Uma das principais modalidades dos Jogos Olímpicos e sempre esperança de medalha para o Brasil, a Natação terá nova casa em 2016. Todas as provas, independente do estilo, serão realizadas no Estádio Olímpico de Desportos Aquáticos, a ser construído no Núcleo do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca ao custo de R$ 109 milhões. O local também vai receber as apresentações de Nado Sincronizado.

Construído em 2006, o Centro Aquático Maria Lenk abrigou as provas aquáticas do Pan-Americano de 2007. A previsão era de que abrigasse todas as modalidades aquáticas nas Olimpíadas do Rio. No entanto, o Governo Federal admitiu que o complexo não está nos padrões estabelecidos pelo Comitê Olímpico Internacional.

Segundo exigência do COI, para sediar as finais de Natação é preciso que o local de competição tenha capacidade de 15 mil pessoas. O Maria Lenk atualmente comporta público de até 6.500 pessoas, enquanto o novo estádio promete 18.000 assentos temporários em uma estrutura permanente.

As discussões a respeito da utilidade do Estádio Olímpico de Desportos Aquáticos após os Jogos remetem às promessas anteriores de reutilização das estruturas do Pan. A Prefeitura afirma que o novo complexo funcionará como um Centro Olímpico de Treinamento, tendo seus assentos removidos e sua instalação reformada para acomodar futuras estruturas administrativas e de pesquisa. O local também deve ser aberto ao público, assim como vai ocorrer com o Aquatics Centre, a casa da Natação nos Jogos de Londres.

O jornalista e professor universitário Fernando Vives  lembrou que em 2007 a promessa foi de que, se o Rio de Janeiro viesse a sediar as Olimpíadas, a cidade teria condições de usufruir das estruturas do Pan-Americano, principalmente o Maria Lenk, que precisaria passar apenas por pequenas reformas. O Centro Aquático, porém, só vai receber as competições de saltos ornamentais e polo aquático.

São Januário deve abrigar o rugby em 2016


Victor Belart

O estádio de São Januário sofrerá uma grande reforma para sediar - em 2016 - as disputas de um jogo com origem inglesa e praticado sobre a grama. Bola, chuteiras e meiões completam o cenário das partidas. Se os elementos indicam um esporte no qual  o Brasil é pentacampeão,  na prática, o rugby  nacional jamais chegou a disputar uma Copa do Mundo. Amadorismo e desconhecimento do grande público marcam o cenário da modalidade responsável por uma das obras de maior investimento entre as sedes para 2016.
A disputa do rugby nas Olimpíadas era comum no início do século XX. O esporte figurou nos jogos de 1900 a 1924.  A modalidade deixou de participar da festa pelo então baixo índice de seleções inscritas no torneio. Paralelamente aos Jogos Olímpicos, o rugby passou a se desenvolver mundialmente de forma lenta. Só em 1987 foi disputada a primeira Copa do Mundo, mais de 100 anos depois do esporte ter sido criado.
Numa forma semelhante ao que acontece no futebol com Brasil e Argentina, o rugby é dominado por potencias europeias, mas divide espaço com os dois maiores países de um continente no hemisfério sul. Austrália e Nova Zelândia, que têm seleções pífias no futebol, são verdadeiras potências do rugby. Os dois países foram, inclusive, sede dupla do Mundial de 1987. A partir desse primeiro torneio, o rugby passou a se desenvolver ao redor do planeta de maneira mais integrada. O Campeonato Mundial ganhou força  nas últimas décadas e atualmente os marcadores de audiência do torneio só ficam atrás da Copa Mundo de Futebol e das Olimpíadas.
Impressionados com a força recente do rugby, os dirigentes do COI passaram a repensar a inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos. Com a saída do beisebol e do softbol , alguns membros da Federação   tentaram incluir o rugby no evento.  Depois de derrotado na primeira votação, o rugby conseguiu em 2009, o aval dos dirigentes do COI para retornar às Olimpíadas. A reestreia do jogo está marcada para 2016, numa cidade sem a menor tradição e interesse pelo esporte.
A confirmação do retorno Olímpico do  rugby se deu no mesmo ano em que o Rio foi escolhido como cidade sede dos Jogos. Como o esporte ainda não estava solidamente confirmado para 2016, o projeto de logística para realização das partidas de rugby naquele momento não passou de coadjuvante. A partir daí, a discussão sobre quem abrigaria o rugby no Rio passou a se dividir entre o Estádio Olímpico, que já seria reformado para os Jogos, e São Januário, octogenário estádio do Vasco.
Oficialmente, o rugby ainda não tem casa definida pelo COI para 2016. Vascaíno assumido, o prefeito Eduardo Paes nunca escondeu o interesse de que a arena cruzmaltina abrigasse o esporte. Apesar de ainda não ter sido confirmada pelo Comitê Internacional, a escolha de São Januário como sede do esporte parece encaminhada. De olho na visibilidade e em possíveis melhorias para seu estádio de futebol, o Vasco sempre se mostrou a favor da realização dos jogos de rugby em sua casa. Sem tradição nenhuma no esporte, o clube montou inclusive um projeto de preparação para jovens atletas visando as Olimpíadas.
Além do Vasco, outros clubes de futebol como Corinthians e Portuguesa, junto de clubes de pequeno porte como Alecrim e Galícia já apoiam o rugby. Apesar de fãs e patrocinadores defenderem que o rugby vem tendo um crescimento estratosférico no Brasil, na prática o esporte ainda não tem uma liga integrada. O país nunca participou de Copa do Mundo no esporte e brigará pela primeira vaga em Londres 2015. A realização do mundial na capital inglesa pode servir como compensação para os britânicos frustrados com a ausência do esporte nas Olimpíadas desse ano.
O retorno do Rugby aos Jogos Olímpicos foi confirmado justamente quando Londres se preparava para sedear as Olimpíadas. Com isso, os ingleses sugeriram a inserção da modalidade já em Londres 2012 como esporte de demonstração. A proposta levada ao COI motivou os organizadores britânicos, que construíram seu EstádioOlímpico para 80 mil pessoas esperando um uso constante e divisão de atividades entre atletismo, rugby e futebol. O COI vetou a participação demonstrativa do esporte em Londres.  Como os clubes londrinos de futebol já possuem estádios próprios, a arena Olímpica pode se transformar num caso clássico de elefante branco. Para evitar que o estádio não caia no desuso, as autoridades britânicas já buscam estimular a realização de partidas de rugby no estádio.
Assim como ocorre em Londres, a casa do rugby em 2016 abrigará o esporte através de incentivo das autoridades locais. Em 114 anos de existência, o Clube de Regatas Vasco da Gama nunca havia investido na modalidade antes da possibilidade de reforma em seu estádio para receber o rugby olímpico. Motivado pela realização dos jogos em São Januário - e agora já preocupado em ter o rugby em suas divisões de base - o Vasco enviou, em outubro, representantes a Londres para esclarecer dúvidas sobre o esporte e melhorar a estrutura de São Januário para receber o rugby.
Diferente da recém-construída Arena Olímpica de Londres, São Januário é um dos estádios mais antigos do Brasil. Construído por comerciantes portugueses na década de 1920, o estádio teve seu auge na Era Vargas, quando o presidente populista discursava das sociais e era ovacionado por brasileiros agradecidos pelas leis trabalhistas. Em 2000, o estádio protagonizou um vexame nacional quando seu alambrado desabou por conta da superlotação em plena final de Campeonato Brasileiro.
Em Londres, o estádio Olímpico, que seria casa do Rugby, foi construído dentro do parque Olímpico da cidade. No Brasil, se consolidado em São Januário, o tradicional esporte inglês será vizinho da comunidade Barreira do Vasco, que tem cerca de 2 mil habitantes estimados . Apelidada com o nome clube vizinho, a comunidade no coração do bairro imperial de São Cristóvão está ameaçada  pelas remoções urbanas para 2016. Graças ao rugby em São Januário, a Secretaria de Habitação da Prefeitura já concebe a possibilidade de reassentamento de algumas moradias na região. Se seguir os moldes do que vem sendo a estratégia de reordenação urbana do Rio, a brutalidade do rugby como esporte de contato pode ser usada ao pé da letra, de uma forma bem menos amistosa do que os Jogos Olímpicos dizem ser.