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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Nem só de esporte se faz uma Olimpíada

Bruna Scot

Engana-se quem pensa que os investimentos voltados para as Olimpíadas beneficiam apenas o setor de transportes e os complexos esportivos da cidade. No embalo das obras, o Rio de Janeiro ganha três museus com diferentes propostas, e se adapta ao modelo internacional de eventos culturais.

Dois dos novos empreendimentos estão sendo construídos na região portuária e fazem parte do projeto Porto Maravilha. Com inauguração prevista para novembro deste ano, o Museu de Arte do Rio terá como sede o palacete Dom João VI, edifício tombado, na Praça Mauá. O acervo será composto por peças de coleções públicas e privadas, como as salvas do incêndio da casa do marchand Jean Boghici.

O MAR estará ligado ao prédio vizinho – construção de 1940, que abrigava uma rodoviária – por uma passarela de metal. Lá, encontra-se a Escola do Olhar, que tem como objetivo aproximar jovens estudantes do estudo das artes e aprimorar a percepção imagética deles. O museu ainda conta com um restaurante no terraço e um bistrô no térreo.

Projeto do Museu do Amanhã, no Pier Mauá
Foto: Divulgação
Já o Museu do Amanhã, projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, tem outra proposta. Lá, os visitantes vão aprender mais sobre ciência e tecnologia através da interatividade. Com umaproposta sustentável, o museu vai contar com a reutilização de água das chuvase da própria Baía de Guanabara, além de o telhado ser preparado para captarenergia do Sol. Tudo isso no  Pier Mauá,numa construção que avança pelo mar.

A Zona Sul da cidade também será agraciada com um dos novos centros culturais. A Avenida Atlântica, em Copacabana, será o novo endereço do Museu da Imagem e do Som, antes localizado na Praça XV. Com fachada em estilo contemporâneo, o novo MIS abrigará acervo de música, cinema e teatro. Fugindo dos padrões internacionais, ao invés do lugar para um café, o MIS contará com um bar em pleno calçadão.

Esvaziamento político x Abundância cultural

A construção dos museus segue uma tendência do Rio de Janeiro, que se intensificou na década de 1960. Com a construção de Brasília, a cidade perdeu o status de capital e todo o glamour e investimentos que a envolviam. A cura para o “orgulho ferido” se deu através da construção e revitalização de museus e centros culturais.

O Museu da Imagem e do Som, por exemplo, foi construído em 1965, por iniciativa do então governador Sérgio Lacerda. Reunir em um só lugar o acervo musical do Rio se mostrou como uma boa forma de exaltar o lado cultural da cidade e reafirmar o valor que tinha.

Mas a primeira grande onda cultural, uma das mais importantes da cidade, aconteceu com a chegada da família real portuguesa, em 1808. Dom João VI foi o responsável pela fundação do Banco do Brasil e construção do prédio que hoje abriga o Centro Cultural Banco do Brasil, do Jardim Botânico, e de empreendimentos que hoje são preservados, como o Museu Nacional  palacete onde viveu D. Pedro I.