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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Demolição do Autódromo Nelson Piquet gera protestos

Leandro Garrido

O anúncio, pelo prefeito Eduardo Paes, de que a demolição por completo do Autódromo de Jacarepaguá vai começar em janeiro do ano que vem, tem movimentado o debate sobre qual é o melhor uso para a área. O projeto municipal é instalar ali o Parque Olímpico, principal complexo esportivo das Olimpíadas de 2016. Para substituir o circuito, a Prefeitura, em parceria com a Confederação Brasileira de Automobilismo, garantiu o início das obras do novo autódromo, em Deodoro, também para o início de 2013.

Construído em 1978, o Autódromo Nelson Piquet localizado na região de Jacarepaguá, foi palco de corridas da Moto GP, Stock Car e Fórmula 1, mas sofreu modificações estruturais e teve seu tamanho reduzido para construção de instalações do Pan 2007, como o Velódromo da Barra e o Parque Aquático Maria Lenk. Um ano depois, foi anunciada a demolição total do circuito para dar lugar ao complexo esportivo das Olimpíadas. As obras, porém, só vão ser iniciadas para valer em 2013, já que a CBA solicitou que o espaço continuasse recebendo corridas até o fim do ano. 

O Parque Olímpico Rio 2016 é uma iniciativa público-privada e vai sediar 14 modalidades olímpicas e nove paraolímpicas, além de contar com um centro de imprensa e um hotel. A construção e manutenção da área estão a cargo do Consórcio Rio Mais, vencedor da licitação da Parceria Público-Privada, sendo, assim, responsável pelo local durante 15 anos. 

Projeto vencedor do Parque Olímpico (Foto: Divulgação)


Apesar dos investimentos para os jogos olímpicos e a garantia da prefeitura na construção de um novo circuito, alguns automobilistas cariocas se mostraram contrários ao projeto de Deodoro e à demolição do Autódromo de Jacarepaguá. Em manifestação realizada no final de agosto, eles reivindicaram mais respeito com o circuito, considerado um patrimônio da cidade. Segundo os manifestantes, a prefeitura incentivou a especulação imobiliária ao fazer a licitação da área para construção de condomínios de luxo após as Olimpíadas. Em maio, o prefeito Eduardo Paes assinou um decreto liberando o terreno do Parque Olímpico para ser utilizado para fins comerciais.

A professora da UERJ e vereadora do Rio de Janeiro Sonia Rabello ressaltou que apenas 30% deste terreno seria utilizado no projeto do complexo esportivo dos Jogos Olímpicos 2016. O restante seria destinado ao mercado imobiliário. Além disso, ela alertou para o fato de que a região destinada ao novo autódromo tem bioma de mata atlântica, e as obras seriam prejudiciais à fauna e à flora da região.

O professor, médico e ex-administrador Regional de Jacarepaguá, Célio Lupparelli, também criticou a política de demolição e reconstrução de equipamentos públicos por parte da prefeitura. Para ele, demolir o autódromo Nelson Piquet e privilegiar a construção do Parque Olímpico é prejudicar as regiões da Barra e de Jacarepaguá, principalmente a comunidade Vila Autódromo, localizada ao lado do circuito, onde mais de 500 famílias temem ser removidas. A Prefeitura afirmou que a região é necessária para novas construções destinadas aos Jogos Olímpicos, apesar do projeto vencedor da licitação do Parque Olímpico não possuir o terreno em seu plano de obras.

Como tentativa de resolver a questão, a Associação de Moradores, elaborou o Plano Popular da Vila Autódromo, que defende a urbanização da área como melhor opção para os gastos públicos, além de preservar a permanência dos moradores.