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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Falta de investimentos na base gera maus resultados

Bruna Scot


A busca pelo ouro olímpico é o objetivo de todo atleta profissional, mas isso não tem sido fácil para os brasileiros. Somando o resultado das últimas três Olimpíadas, o Brasil conquistou onze medalhas de ouro no total. Resultado insignificante, perto dos 118 ouros americanos ou das 121 medalhas douradas da China. 

Por que tamanha discrepância? A resposta está na falta de investimentos em esporte, desde a base. No Brasil, há uma cultura de só apoiar aquele atleta que já apresenta resultados satisfatórios, no qual pode-se enxergar estabilidade e um futuro campeão. 

O problema é que, ao incentivar apenas o esportista que já está formado, as iniciativas privadas e estatais deixam de abrir espaço para aqueles que poderiam ser bons, mas não tiveram a chance ou tentaram, mas não conseguiram seguir em frente por falta de condições. 

No ciclo olímpico (2009 – 2012) o Brasil investiu R$1,76 bilhões, porém apenas em esportes de alto rendimento como natação, judô e atletismo. A base ainda é muito desvalorizada e os esportes menos tradicionais não recebem grandes quantias – apenas de patrocinadores. 

Nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, a Grã-Bretanha obteve o mesmo número de medalhas do Brasil, 15 no total. Porém, com parte dos lucros da Loteria Nacional destinados ao esporte, a delegação dobrou o número de medalhas já na Olimpíada seguinte. Em Londres, os britânicos investiram mais R$ 95 milhões em esportes de alto rendimento e arremataram 29 ouros.

Os EUA são o grande exemplo de sucesso Olímpico. Isso se deve ao esforço dos governos estaduais em oferecer bolsas de estudos a jovens atletas, tanto na escola, quanto na universidade - o que permite a continuidade do processo de formação de futuros campeões. 

Nas escolas públicas, educação física é matéria obrigatória e fora do horário de aula, os alunos ainda podem praticar as atividades esportivas com uniformes e materiais gratuitos. Nas universidades, cuja mensalidade seria cerca de R$6 mil por mês, os alunos treinam com técnicos profissionais e têm a oportunidade de competir em ligas estudantis, até chegar ao nível olímpico. 

A China também é outro país que deve servir de exemplo para o Brasil. O país aposta na construção de atletas campeões, iniciando os treinamentos a partir dos seis anos. É com essa idade que os chineses passam pela seleção de talentos, onde são divididos de acordo com o interesse pelo esporte, a aptidão e o biotipo. 

Se aceitos, os pequenos chineses vão estudar em uma das 310 escolas esportivas do país. Custeadas pelo governo, esses colégios funcionam como complexos esportivos, que dão aulas de manhã e três horas de treinamento à tarde. 

Cerca de 130 mil jovens frequentam essas escolas, que também oferecem competições entre elas. Quem se destaca, tem a chance de ingressar na seleção da modalidade e seguir a trajetória olímpica.