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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Rio-2016 pode ser a Barcelona-92 ou a Atenas-2004

Fonte: Comitê Olímpico Internacional
Mariah d'Avila

O Rio de Janeiro está a quatro anos de sediar os Jogos Olímpicos. O desafio que a cidade tem pela frente já foi enfrentado por outros lugares pelo mundo. O Rio tem referências a seguir, tanto de aspectos que deram certo, como de casos que servem como modelo do que não deve ser feito. Entre as sedes que podem contribuir para a realização da Olimpíada de 2016, então as cidades de Barcelona, que depois dos jogos se tornou referência em turismo, e Atenas, cujas instalações olímpicas se transformaram em grandes obras sem uso.

As transformações feitas na cidade catalã foram marcos para as sedes dos Jogos Olímpicos após 1992. Barcelona usou a realização do evento esportivo como alavanca para investimentos na infraestrutura da cidade. Assim como pretende a Prefeitura do Rio de Janeiro com o projeto do Porto Maravilha, os catalães também revitalizaram a região portuária, transformando uma área de fábricas e galpões em praia. Além disso, o projeto olímpico priorizou o transporte público e a moradia, com apenas 10% dos recursos destinados às instalações esportivas. O momento histórico que Barcelona vivia quando foi escolhida cidade olímpica também contribuiu para a atmosfera de otimismo que envolveu a realização do evento. Seis anos antes de sediar a Olimpíada, a cidade reconquistava a democracia e a Espanha entrava para a União Europeia. Hoje, Barcelona é um polo cultural e turístico da Europa. Terceiro destino mais procurado pelos estrangeiros, a cidade recebeu, em 2010, cerca de 29 milhões de visitantes por ano.

Fonte: Comitê Olímpico Internacional
Os últimos vinte anos também testemunharam os piores Jogos Olímpicos da história. O caso da cidade grega de Atenas, que foi sede em 2004, é apontado como um exemplo a não ser seguido. A crise grega atual tem como um dos motivos as dívidas deixadas pela realização da Olimpíada. Em 2004, a Grécia já era a segunda economia mais pobre da União Europeia, em termos do PIB per capita. Hoje, o país está prestes a deixar a União Europeia e a romper com o FMI. A má administração dos recursos destinados ao evento, a corrupção e a falta de planejamento provocaram atraso nas obras e gastos extras. Apesar de durante as duas semanas de competição tudo ter ocorrido sem grandes problemas, as instalações esportivas, quase uma década depois, se encontram abandonadas e ainda não se sabe o total dos gastos com a Olimpíada. Na época, Atenas-2004 chegou a ser chamado de os Jogos mais caros da era moderna. 

O caso da cidade grega se assemelha ao que ocorreu com a realização do Pan-americano de 2007 no Rio de Janeiro, cujo custo das obras foi de seis vezes o previsto e que deixou os chamados elefantes brancos, instalações esportivas não aproveitadas após a realização do evento esportivo. Para os cariocas, o velódromo é o exemplo disso. Cinco anos após o Pan, o local não recebe outras competições e precisará ser demolido para dar lugar a outro local de competição. O primeiro velódromo já custou mais de R$ 14 milhões aos cofres públicos, e o segundo ainda tem a previsão de custar R$ 115 milhões.