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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Moradores querem preservar memória do Porto

Foto: Divulgação Copa 2014

Elena Cruz


A Zona Portuária do Rio de Janeiro vem passando por mudanças estruturais desde que as obras do Porto Maravilha foram iniciadas. Se o projeto for rigorosamente cumprido, as mudanças serão sensíveis. Haverá abertura de ruas e até a derrubada do elevado da Perimetral. O Meu Porto Maravilha, recente espaço cultural criado na Saúde, apresenta como será a revitalização da região. Além disso, mostra a história dos bairros envolvidos no processo: Gamboa, Santo Cristo, Saúde e parte do Centro, São Cristóvão e Cidade Nova. Porém, há um movimento que resiste à iniciativa da prefeitura e acredita que a história e patrimônios da Zona Portuária serão esquecidos.

Apesar de o espaço ser sinônimo de orgulho para a prefeitura do Rio, o Fórum Comunitário do Porto (FCP) considera que o espaço desvaloriza a história da região, que remonta ao Brasil Colônia e passa pela vida dos escravos que viviam nos arredores do lugar. O FCP é um movimento que denuncia violações dos direitos dos moradores dos bairros da Zona Portuária. Conta com a participação dos próprios moradores, de ONGs e universidades, como a UERJ. O Fórum acredita que usar o termo “revitalização” é uma demonstração de que a vida e a memória social atual nos bairros estão sendo ignoradas.

Através da maior tela interativa do Brasil, com 22 metros de comprimento, os visitantes do Meu Porto Maravilha podem conhecer como será o futuro arquitetônico da Zona Portuária. Os equipamentos de alta tecnologia têm o objetivo de mostrar o passado, o presente e o futuro da região. O local foi inaugurado no início de julho e pretende receber mais de 180 mil pessoas por ano. Roberto Anderson Magalhães, arquiteto do Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Público), acredita que iniciativas como o Meu Porto Maravilha pouco adiantam. Assim como o FCP, ele acha que houve pouca participação popular nas discussões do futuro do cais do porto do Rio de Janeiro.

Para ele, a memória do lugar será perdida com a derrubada de armazéns e galpões com belas fachadas e sistemas construtivos diferenciados. Cidades como Barcelona, Buenos Aires e Hamburgo também passaram por esse processo e transformaram a área portuária em locais de escritórios, moradia, cultura e lazer. Mas o arquiteto critica que sejam feitas demolições para dar lugar a edificações de 30, 40 e 50 andares.