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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

De braços abertos para o Muriqui

Taise Parente


Foto: Divulgação
As olimpíadas do Rio de Janeiro já tem seu primeiro candidato a mascote. É o macaco Muriqui, primata desconhecido e dócil, que está entre as 24 espécies mais ameaçadas do Brasil. Muriqui, palavra que em Tupi significa “Povo Manso da Floresta”, representa, segundo o secretário do Meio Ambiente, Carlos Minc, a mensagem olímpica e será a ponte entre o esporte e a conservação do planeta. A ideia, que surgiu em 2009, visa trazer maior visibilidade a esta e outras espécies ameaçadas da mata atlântica e incentivar programas de preservação da natureza. Atualmente estima-se que existam apenas 300 exemplares do primata no Estado, em contraste com a década de 70 quando o número chegava a 700. O macaco, que só existe no Brasil, é um importante dispersor de sementes e já foi escolhido pela Unesco como símbolo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, e do Parque Estadual do Desengano, no Rio de Janeiro. 

Algumas ações para a preservação do Muriqui já estão em andamento, como é o caso do programa de reflorestamento do Norte fluminense do Instituto Bio Atlântica em parceria com a empresa Brasil Florestas, que pretende recuperar uma área de 400 mil hectares no Estado. O grupo EBX também se comprometeu com a causa e afirma que fará um investimento de R$ 2,3 milhões na implantação do corredor ecológico do Muriqui. O projeto recebeu o apoio de diversos artistas. O muriqui virou tema de musical no circo de Marcos Frota e um vídeo oficial da campanha, que contou com a participação voluntária de atores como Camila Pitanga, Sérgio Marone e o compositor Chico Buarque, foi lançado na internet. Na trilha sonora, a música “Aquele Abraço”, do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.

A candidatura oficial foi apresentada no parque Lage em uma parceria entre o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), a ONG Eco-Atlântica, a Secretaria de Estado do Ambiente e a empresa EBX, de Eike Batista. A candidatura do Muriqui também está ecoando no exterior depois que a ONG Conservation International decidiu apoiar o projeto. A organização, que estuda o macaco desde a década de 1970, ajuda na manutenção de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, um investimento que pode chegar a R$ 600 mil.

Além do Muriqui, outros dois animais ameaçados de extinção também disputam atenção nas Olimpíadas de 2016: a jaguatirica e o mico-leão-dourado. Apesar de não ser tão comentado quanto o macaquinho, o felino, que também sofre com a caça predatória e a devastação de seu habitat natural na região centro-oeste do país, tem apoio de sociedades de conservação. No entanto, os dois primatas recebem mais atenção por serem típicos do Estado do Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas.
A onda de conservação segue o caminho traçado na escolha do tatu-bola como mascote da Copa 2014, animal típico também ameaçado. Seja em copas ou olimpíadas, os mascotes criam um laço afetivo com a competição, além de servirem como fonte de receita dos jogos. Os mascotes começaram a ser usados de forma não oficial em 1968, nas Olimpíadas de Grenoble, quando um esquiador de cabeça vermelha e roupa azul surgiu em broches e bonecos. Desde então, eles assumiram a forma de animais em sua maioria, mas também de seres no mínimo estranhos, como os bonecos de Athena e Pevos, nas olimpíadas de Athenas de 2004, ou Wenlock e Mandeville, em Londres 2012. A escolha do animal que representará o Brasil nas olimpíadas será realizada pelo Comitê Rio 2016, dois anos antes do evento.