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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Obras do Hotel Glória ferem proteção do patrimônio

Leandro Garrido


A rede hoteleira do Rio de Janeiro procura se adaptar aos eventos que a cidade vai receber nos próximos quatro anos, em especial, às Olimpíadas. O Hotel Glória é um dos símbolos da região e um dos estabelecimentos que passam por modificações para melhor receber os turistas que virão ao Rio em 2016. O espaço está sendo revitalizado pelo Grupo EBX e, segundo a empresa, vai receber novas áreas de lazer, restaurantes de alta gastronomia, lojas de grife e  um skylounge bar.

Inaugurado em 1922, o imóvel foi comprado pela empresa de Eike Batista em 2008 e no ano seguinte, teve suas obras iniciadas. O rebatizado Glória  Palace Hotel tem conclusão prevista para setembro de 2014. De acordo com a REX, empresa de desenvolvimento imobiliário responsável pelo projeto, o novo prédio será compatível com os 10 melhores hotéis do mundo e referência em hotelaria no Brasil.

Mesmo com as mudanças prometidas, o projeto não foi bem recebido. O hotel, antes composto por 610 quartos – o que já valeu destaque no Guinness Book em 1995 -, deve ter sua capacidade reduzida para 231, quase 1/3 da inicial. Atualmente, a cidade conta com 26.316 quartos de hotel, segundo dados da Empresa de Turismo do Município do Rio (Riotur). A promessa da prefeitura é de que até 2013 esse número chegue a 31.722.

A redução da lotação do Hotel Glória pode trazer complicações, já que em pesquisa realizada pelo IBGE em fevereiro, o instituto constatou que o Rio de Janeiro precisa de mais do triplo da quantidade de leitos atuais para não ter problemas nas Olimpíadas. Apesar da preocupação com a rede hoteleira da capital carioca, os hotéis de Londres não ficaram cheios durante a realização dos Jogos Olímpicos de 2012. Os britânicos reconheceram que alguns hoteleiros ''superestimam'' a demanda por ocasião da competição.

Segundo a vereadora do Rio de Janeiro e professora da UERJ Sonia Rabello, a obra do novo Hotel Glória fere um patrimônio cultural da cidade e, por isso, deve passar por fiscalização parlamentar. Ela lembra que o local é histórico para a cidade, tendo recebido inúmeros eventos e celebridades, como o cientista Albert Einstein, nas últimas décadas. 

De acordo com a vereadora, desde 1970, a cidade do Rio de Janeiro tem legislação que protege suas edificações de interesse cultural, que, apesar de não serem tombadas, não podem ser demolidas a não ser com a autorização do órgão de proteção cultural do município (decreto 3800/1970 art.81, §5º e §6º, alterado pelo decreto 20.048/2001).