Alice Fonseca
Como uma das âncoras do projeto de revitalização da
zona portuária do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã será erguido no Píer Mauá, em meio a uma grande área verde.
Projetado para ser uma construção sustentável, o museu quer ser totalmente
autossuficiente e vai usar materiais recicláveis na construção.
Guiado pelos elementos da Floresta Atlântica, o Museu
do Amanhã se integra à Praça Mauá e ao MAR - Museu deArte do Rio. Projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, com 15 mil
m2, a obra pretende ser um modelo de arquitetura verde com a
utilização de recursos naturais como placas de captação de energia solar e
recursos hídricos da Baía de Guanabara. A água da baía terá duas funções:
servirá para o sistema de refrigeração do museu e para formar o espelho d'água na
extremidade do píer, junto à Praça Mauá. Essa mesma água passará por múltiplos
filtros até ser retornada limpa ao mar.
Apesar de ser um projeto sustentável, a reciclagem de
lixo o Rio ainda deixa muito a desejar. A cidade recicla apenas 3% das 8,4 mil
toneladas de lixo geradas por dia. A Comlurb tem participação mínima nesse
percentual, separando apenas 0,27% desse total. Os outros 2,73% ficam sob
responsabilidade de cooperativas ou catadores autônomos. De 160 bairros da
cidade, apenas 41 são atendidos semanalmente. A melhora da situação depende de
um projeto aprovado em 2011 entre o município do Rio e o BNDES,que visa à construção de seis galpões de triagem de materiais recicláveis. A prefeitura também pretende aumentar o número de caminhões em
circulação para expandir a área de bairros atendidos. O aumento da coleta
seletiva elevará o percentual em 2%, ou 22,68 toneladas, número baixo para uma
cidade com o porte do Rio. Para se ter uma ideia, Londres, a última sede
olímpica, recicla XX% de seu lixo
Para a presidente da Comlurb, Angela Fonti, a
prefeitura precisa resolver as causas que levam aos baixosíndices de reciclagem. Ela reconhece que a companhia nunca fez uma campanha
de incentivo à coleta seletiva de lixo, mas com os recursos dados pelo BNDES isso
poderá ser modificado. "Nosso cronogramainclui pegar o lixo orgânico e reciclável dentro das casas e dos prédios. Osgalpões vão melhorar as condições de trabalho e dar um fim aos atravessadores,que diminuem o ganho dos catadores", diz.
O prefeito Eduardo Paes, um dos idealizadores do Museu
do Amanhã, concorda que o Rio tem que mudar em relação à reciclagem e diz que o
prédio se transformará em um "ícone" da cidade, algo similar ao Pão
de açúcar, o estádio do Maracanã e o Cristo Redentor.
Além do conceito em sua construção, o museu pretende
apresentar uma "visão humanista" do futuro mais imediato por meio de
atividades audiovisuais e interativas, que vão expor situações que serão
enfrentadas pela humanidade devido ao aumento da população, à mudança climática
e às inovações tecnológicas. O projeto exigirá investimentos de R$215 milhões e
será custeado com investimentos privados, segundo a prefeitura.