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Foto: Divulgação |
As olimpíadas do Rio de Janeiro já tem seu primeiro candidato a mascote. É o macaco Muriqui, primata desconhecido e dócil, que está entre as 24 espécies mais ameaçadas do Brasil. Muriqui, palavra que em Tupi significa “Povo Manso da Floresta”, representa, segundo o secretário do Meio Ambiente, Carlos Minc, a mensagem olímpica e será a ponte entre o esporte e a conservação do planeta. A ideia, que surgiu em 2009, visa trazer maior visibilidade a esta e outras espécies ameaçadas da mata atlântica e incentivar programas de preservação da natureza. Atualmente estima-se que existam apenas 300 exemplares do primata no Estado, em contraste com a década de 70 quando o número chegava a 700. O macaco, que só existe no Brasil, é um importante dispersor de sementes e já foi escolhido pela Unesco como símbolo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, e do Parque Estadual do Desengano, no Rio de Janeiro.
Algumas ações para a preservação do Muriqui já estão em andamento, como é o caso do programa de reflorestamento do Norte fluminense do Instituto Bio Atlântica em parceria com a empresa Brasil Florestas, que pretende recuperar uma área de 400 mil hectares no Estado. O grupo EBX também se comprometeu com a causa e afirma que fará um investimento de R$ 2,3 milhões na implantação do corredor ecológico do Muriqui. O projeto recebeu o apoio de diversos artistas. O muriqui virou tema de musical no circo de Marcos Frota e um vídeo oficial da campanha, que contou com a participação voluntária de atores como Camila Pitanga, Sérgio Marone e o compositor Chico Buarque, foi lançado na internet. Na trilha sonora, a música “Aquele Abraço”, do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.
A candidatura oficial foi apresentada no parque Lage em uma parceria entre o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), a ONG Eco-Atlântica, a Secretaria de Estado do Ambiente e a empresa EBX, de Eike Batista. A candidatura do Muriqui também está ecoando no exterior depois que a ONG Conservation International decidiu apoiar o projeto. A organização, que estuda o macaco desde a década de 1970, ajuda na manutenção de Reservas Particulares do Patrimônio Natural, um investimento que pode chegar a R$ 600 mil.
Além do Muriqui, outros dois animais ameaçados de extinção também disputam atenção nas Olimpíadas de 2016: a jaguatirica e o mico-leão-dourado. Apesar de não ser tão comentado quanto o macaquinho, o felino, que também sofre com a caça predatória e a devastação de seu habitat natural na região centro-oeste do país, tem apoio de sociedades de conservação. No entanto, os dois primatas recebem mais atenção por serem típicos do Estado do Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas.A onda de conservação segue o caminho traçado na escolha do tatu-bola como mascote da Copa 2014, animal típico também ameaçado. Seja em copas ou olimpíadas, os mascotes criam um laço afetivo com a competição, além de servirem como fonte de receita dos jogos. Os mascotes começaram a ser usados de forma não oficial em 1968, nas Olimpíadas de Grenoble, quando um esquiador de cabeça vermelha e roupa azul surgiu em broches e bonecos. Desde então, eles assumiram a forma de animais em sua maioria, mas também de seres no mínimo estranhos, como os bonecos de Athena e Pevos, nas olimpíadas de Athenas de 2004, ou Wenlock e Mandeville, em Londres 2012. A escolha do animal que representará o Brasil nas olimpíadas será realizada pelo Comitê Rio 2016, dois anos antes do evento.