Engana-se quem pensa que os investimentos
voltados para as Olimpíadas beneficiam apenas o setor de transportes e os
complexos esportivos da cidade. No embalo das obras, o Rio de Janeiro ganha
três museus com diferentes propostas, e se adapta ao modelo internacional de
eventos culturais.
Dois dos novos empreendimentos estão sendo construídos na região portuária e
fazem parte do projeto Porto Maravilha. Com inauguração prevista para novembro
deste ano, o Museu de Arte do Rio terá como sede o palacete Dom João VI,
edifício tombado, na Praça Mauá. O acervo será composto por peças de coleções
públicas e privadas, como as salvas do incêndio da casa do marchand Jean Boghici.
O MAR estará ligado ao prédio vizinho – construção de 1940, que abrigava uma
rodoviária – por uma passarela de metal. Lá, encontra-se a Escola do Olhar, que
tem como objetivo aproximar jovens estudantes do estudo das artes e aprimorar a
percepção imagética deles. O museu ainda conta com um restaurante no terraço e
um bistrô no térreo.
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Projeto do Museu do Amanhã, no Pier Mauá Foto: Divulgação |
Já o Museu do Amanhã, projeto
do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, tem outra proposta. Lá, os visitantes
vão aprender mais sobre ciência e tecnologia através da interatividade. Com umaproposta sustentável, o museu vai contar com a reutilização de água das chuvase da própria Baía de Guanabara, além de o telhado ser preparado para captarenergia do Sol. Tudo isso no Pier Mauá,numa construção que avança pelo mar.
A
Zona Sul da cidade também será agraciada com um dos novos centros culturais. A
Avenida Atlântica, em Copacabana, será o novo endereço do Museu da Imagem e do Som, antes localizado na Praça XV. Com fachada em estilo contemporâneo, o novo
MIS abrigará acervo de música, cinema e teatro. Fugindo dos padrões
internacionais, ao invés do lugar para um café, o MIS contará com um bar em
pleno calçadão.
Esvaziamento político x Abundância cultural
A construção dos museus segue uma
tendência do Rio de Janeiro, que se intensificou na década de 1960. Com a
construção de Brasília, a cidade perdeu o status de capital e todo o glamour e
investimentos que a envolviam. A cura para o “orgulho ferido” se deu através da
construção e revitalização de museus e centros culturais.
O Museu da Imagem e do Som, por
exemplo, foi construído em 1965, por iniciativa do então governador Sérgio
Lacerda. Reunir em um só lugar o acervo musical do Rio se mostrou como uma boa
forma de exaltar o lado cultural da cidade e reafirmar o valor que tinha.
Mas
a primeira grande onda cultural, uma das mais importantes da cidade, aconteceu
com a chegada da família real portuguesa, em 1808.
Dom João VI foi o responsável pela fundação do Banco do Brasil
e construção do prédio que hoje abriga o Centro Cultural Banco do Brasil, do
Jardim Botânico, e de empreendimentos que hoje são preservados, como o Museu
Nacional palacete onde viveu D. Pedro I.