Mateus Campos
Ao todo, 2.818 apartamentos foram construídos para os jogos de Londres. Para diminuir o déficit habitacional que atinge a capital, o governo britânico optou por destinar 1.379 unidades para programas sociais de moradia, como o Affordable Rent e o Social Rent. Esses programas estipulam o valor de aluguel conforme com a capacidade financeira dos beneficiados. Ou seja, por preços que podem pagar, famílias pobres da região terão o direito de utilizar as habitações erguidas para a Olimpíada, projetadas com design de ponta e integradas ao transporte público.
Já no caso dos jogos do Rio de Janeiro, a prefeitura optou por outro rumo. O consórcio ganhador da licitação para a construção da Vila, que terá 31 prédios na Barra da Tijuca, pretende vender as 3.604 unidades a serem construídas até 2015. A venda deve seguir o modelo da Vila Pan-Americana de 2007, em que todas as unidades foram colocadas à venda.
Na época, os 1.480 apartamentos do complexo pan-americano foram vendidos rapidamente. Os apartamentos com uma suíte custaram aproximadamente R$ 100 mil. Os com duas, cerca de R$ 200 mil. Hoje, o lugar enfrenta sérios problemas de infraestrutura. Moradores reclamam que as obras foram feitas às pressas e apontam problemas como afundamento nas ruas e trincas e rachaduras nos prédios. Menos de 50% por cento das habitações estão ocupadas.
Raquel Rolnik, relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada, criticou o modelo adotado pela prefeitura. Segundo ela, a Barra da Tijuca é um dos lugares do Rio com mais apartamentos desocupados. A venda das unidades da Vila seria, então, um desafio. “É uma quantidade muito grande, será que tem mercado para isso? Não irá virar um lugar fantasma depois dos jogos?”, questionou.