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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vila Olímpica carioca terá destino diferente da de Londres

Mateus Campos

Local de reunião das delegações, as Vilas Olímpicas são parte fundamental dos Jogos. Esses espaços, destinados para a moradia dos atletas, também proporcionam o contato entre esportistas de todas as nacionalidades. Medalhistas famosos e atletas iniciantes dividem o mesmo espaço durante o mês de competição. No geral, em toda Olimpíada é assim. Mas o destino dado às construções após os Jogos pode ser bem diferente.

Ao todo, 2.818 apartamentos foram construídos para os jogos de Londres. Para diminuir o déficit habitacional que atinge a capital, o governo britânico optou por destinar 1.379 unidades para programas sociais de moradia, como o Affordable Rent e o Social Rent. Esses programas estipulam o valor de aluguel conforme com a capacidade financeira dos beneficiados. Ou seja, por preços que podem pagar, famílias pobres da região terão o direito de utilizar as habitações erguidas para a Olimpíada, projetadas com design de ponta e integradas ao transporte público.

Já no caso dos jogos do Rio de Janeiro, a prefeitura optou por outro rumo. O consórcio ganhador da licitação para a construção da Vila, que terá 31 prédios na Barra da Tijuca, pretende vender as 3.604 unidades a serem construídas até 2015. A venda deve seguir o modelo da Vila Pan-Americana de 2007, em que todas as unidades foram colocadas à venda.

Na época, os 1.480 apartamentos do complexo pan-americano foram vendidos rapidamente. Os apartamentos com uma suíte custaram aproximadamente R$ 100 mil. Os com duas, cerca de R$ 200 mil. Hoje, o lugar enfrenta sérios problemas de infraestrutura. Moradores reclamam que as obras foram feitas às pressas e apontam problemas como afundamento nas ruas e trincas e rachaduras nos prédios. Menos de 50% por cento das habitações estão ocupadas. 

Raquel Rolnik, relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada, criticou o modelo adotado pela prefeitura. Segundo ela, a Barra da Tijuca é um dos lugares do Rio com mais apartamentos desocupados. A venda das unidades da Vila seria, então, um desafio. “É uma quantidade muito grande, será que tem mercado para isso? Não irá virar um lugar fantasma depois dos jogos?”, questionou.